Fazia dias que ela não gelava senão água.
Até que choveu na minha conta outro dia:
Saí, comprei aves, peixes, lagostas, camarões...
Olhei pra ela, estava cheia.
Chuchus sorriam pra mim: há quanto tempo... diziam.Uvas e beterrabas batiam palminhas do reencontro
Até a galinha morta era feliz por mim. Dormi pensando em receitas boas.
Acredita que de manhã um carrasco havia sido pago pra levá-la?
Ela que nunca tinha sido totalmente minha.
Liguei pra dona, me humilhei sozinha dentro do discurso justo de que sou artista
e por isso inconstante na economia. E a dona nada. Não cedia. O carrasco ia levar minha deusa, minha neve possível, minha geada de estimação
À hora marcada, chorei agarrada àquela cônsul mimada demais por mim;
Tão adotiva, tão afetiva...eu atracada a ela, pedia, gemia...
E ela, nada; ela fria, desligada, já não me dava nem gelos.
Fiquei sem patrimônio. Sem preservação de alimentos.
Fiquei sem centro, a zombar de mim.
Até que me lembrei dos meus bens; a coragem, a beleza, a força, a poesia, a esperteza.
Coisas que não se encontram em pontos-frios, coisas que são substituíveis por um isopor.
Então já amanheci pondo coentros nas jarras como flores!
Curei minhas dores sem congelamento.
Me virei por dento onde tudo é mantido quente vivo.
Tirei tudo de letra e de ouvido
Como quem tira uma música!
Elisa Lucinda
Prima queridaaaaaaaaaaaaaa, adorei seu novo blog, sou a PRIMEIRAAAAAAAA seguidora!!! E essa Elisa Lucinda é demais. Tive a oportunidade de assistir uma peça com ela e saí de lá encantada!!!
ResponderExcluirBjs e sucesso aqui!!!