MOTIVAÇÃO

27 de maio de 2012

CANÇÃO PARA AS MULHERES










































  







 






Canção para as Mulheres
Lya Luft
Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer
perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora, batendo a
porta, mas, entenda que não o amarei menos, porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha
solicitude, e se ela for excessiva, saiba me dizer com isso com delicadeza ou
bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite
disso.
Que se eu faço uma bobagem, o outro goste um pouco mais de mim, porque,
também, preciso poder fazer tolices, tantas vezes.
Que se estou apenas cansada, o outro não pense logo, que estou nervosa,
ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta, quanto me dói a ideia da perda, e ouse ficar comigo um
pouco, em lugar de voltar logo à sua vida, não, porque, lá está a sua
verdade, mas, talvez, seu medo ou sua culpa.
Que se começo a chorar sem motivo, depois, de um dia daqueles, o outro
não desconfie, logo, que é culpa dele, ou, que não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim, o outro seja meu cúmplice, mas, sem fazer
alarde, nem dizendo: "Olha que estou tendo muita paciência com você!"
Que se me entusiasmo por alguma coisa, o outro não a diminua, nem me
chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre
para mim, por mais tola que lhe pareça.
Que quando sem querer, eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais
pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha
logo atrás de mim, reclamando: "Mas que chateação essa sua mania, volta
pra cama!"
Que se eu peço um segundo drinque no restaurante, o outro não comente
logo: "Poxa, mais um?"
Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a
compostura, o outro, ainda assim, me ache linda e me admire.
Que o outro,  filho, amigo, amante, marido,  não me considere sempre
disponível, sempre, necessariamente, compreensiva, mas, me aceite,
quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda, que, mesmo, se às vezes, me esforço, não
sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas, apenas, uma pessoa:
vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa,
apenas...
Uma Mulher!

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